sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Fábula: O pescador e o peixe (Versão 1)


          Um peixinho é muito pouco

     Ilustração: Daniel Silva, 8 anos.

Um peixinho, que fora apanhado por certo pescador, procurou argumentar:
- Por que você me tirou da água deste modo?
- Ora essa! respondeu  o pescador. Pretendo comê-lo no almoço.
O peixe não se deixou convencer:
- Pois se é para isto, melhor seria degustar aquele pato que ali vai.
- E por quê? quis saber o homem.
- Porque, no meu caso, seria muito trabalhoso: você teria que me escamar, tirar minhas vísceras, o meu fel, teria que me cortar em postas, depois fazer-me frito, pois minha carne não serve para ensopados. Além do mais, ficaria na sua cozinha um cheiro de peixe que perduraria por muito tempo, ficando desagradável e enjoativo. Isto sem falar nas espinhas, com as quais você poderia engasgar-se. Há casos fatais...
- Mas com o pato eu teria também muito trabalho. Veja bem: teria que matá-lo, ferver água e despená-lo, limpá-lo e cortá-lo em pedaços... Daria um trabalhão!
- Mas haveria vantagens. O pato daria um ótimo ensopado, sem a trabalheira de fritá-lo, renderia mais e não deixaria aquele cheiro danado de peixe!
- Hum, não sei..
O peixe, vendo que o homem gostava de levar vantagens, continuou:
- E ainda há melhores vantagens!
-Quais? quis saber o homem, muito curioso:
- Com o pato você poderia convidar os amigos, eles trariam bebidas. Eu sou muito pequeno, não daria para um banquete!  Você também não perderia tanto tempo com conversas, o pato não sabe falar.
O peixe tomou fôlego, que já ia se acabando, e concluiu:
- Os amigos poderiam até ajudá-lo no preparo. E ainda haveria a fama de ser simpático, próspero e grande anfitrião. O que você quer mais, homem?!
Convencido, o homem  jogou o peixe no lago outra vez e apanhou o pato, que nada pôde fazer. Virou almoço para os comensais.

Moral 146 da história: Come melhor quem conversa com peixe. Ou simplesmente vão para a panela os professores que não sabem argumentar.
                                 Ed.

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