Um peixinho é muito pouco
Ilustração: Daniel Silva, 8 anos.
Um
peixinho, que fora apanhado por certo pescador, procurou argumentar:
-
Por que você me tirou da água deste modo?
-
Ora essa! respondeu o pescador. Pretendo
comê-lo no almoço.
O
peixe não se deixou convencer:
-
Pois se é para isto, melhor seria degustar aquele pato que ali vai.
- E
por quê? quis saber o homem.
-
Porque, no meu caso, seria muito trabalhoso: você teria que me escamar, tirar
minhas vísceras, o meu fel, teria que me cortar em postas, depois fazer-me
frito, pois minha carne não serve para ensopados. Além do mais, ficaria na sua
cozinha um cheiro de peixe que perduraria por muito tempo, ficando desagradável
e enjoativo. Isto sem falar nas espinhas, com as quais você poderia engasgar-se.
Há casos fatais...
-
Mas com o pato eu teria também muito trabalho. Veja bem: teria que matá-lo,
ferver água e despená-lo, limpá-lo e cortá-lo em pedaços... Daria um trabalhão!
-
Mas haveria vantagens. O pato daria um ótimo ensopado, sem a trabalheira de
fritá-lo, renderia mais e não deixaria aquele cheiro danado de peixe!
-
Hum, não sei..
O
peixe, vendo que o homem gostava de levar vantagens, continuou:
- E
ainda há melhores vantagens!
-Quais?
quis saber o homem, muito curioso:
-
Com o pato você poderia convidar os amigos, eles trariam bebidas. Eu sou muito
pequeno, não daria para um banquete! Você também não perderia tanto tempo com
conversas, o pato não sabe falar.
O
peixe tomou fôlego, que já ia se acabando, e concluiu:
-
Os amigos poderiam até ajudá-lo no preparo. E ainda haveria a fama de ser
simpático, próspero e grande anfitrião. O que você quer mais, homem?!
Convencido,
o homem jogou o peixe no lago outra vez e apanhou o pato, que nada pôde fazer. Virou almoço para os comensais.
Moral 146 da história: Come melhor quem
conversa com peixe. Ou simplesmente vão para a panela os professores que não
sabem argumentar.
Ed.
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